CID-11: Guia Completo sobre a Classificação Internacional de Doenças

A Classificação Internacional de Doenças (CID) é um sistema padronizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para categorizar doenças, condições de saúde e causas de morte. A CID é amplamente utilizada no mundo todo por profissionais da saúde, pesquisadores e sistemas de saúde pública. Em 2019, a OMS lançou a 11ª revisão da CID (CID-11), que entrou em vigor oficialmente em janeiro de 2022.

O que é a CID-10?

A CID-10 é a 10ª edição da Classificação Internacional de Doenças, que esteve em vigor por mais de 30 anos antes da adoção da CID-11. Criada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a CID-10 foi amplamente utilizada globalmente para padronizar diagnósticos médicos e facilitar a coleta e análise de dados epidemiológicos.

Para que serve a CID-10?

• Registro e codificação de doenças: A CID-10 permite que profissionais da saúde classifiquem e organizem doenças e condições médicas de maneira padronizada.
• Planejamento de políticas públicas: Os governos utilizam os dados da CID-10 para definir estratégias de saúde pública.
• Pesquisas e estatísticas de saúde: A classificação ajuda a monitorar a incidência e prevalência de doenças ao redor do mundo.
• Faturamento hospitalar e convênios médicos: Muitos sistemas de reembolso de seguros de saúde usam códigos da CID para processamento de pagamentos.

A CID-11 veio para substituir a CID-10, trazendo melhorias significativas, especialmente na integração com sistemas digitais e na precisão diagnóstica.

O que é a CID-11?

A CID-11 é a mais recente versão da classificação, desenvolvida para atender às necessidades modernas da medicina e da gestão da saúde. Ela foi projetada para ser mais acessível digitalmente, oferecendo uma interface intuitiva e permitindo integração com sistemas eletrônicos de prontuários.

CID é a sigla para Classificação Internacional de Doenças, traduzida do termo inglês ICD (International Classification of Diseases). Funciona como uma tabela publicada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e tem como principal objetivo padronizar doenças e problemas de saúde em geral.

Hoje, a CID é considerada uma das principais ferramentas de trabalho para médicos do mundo todo. Além disso, também monitora a incidência e prevalência de enfermidades, apresentando um panorama completo da realidade de muitos países e suas populações.

Segundo a OMS, o documento disponível no site atualmente é uma previsão da situação de saúde da população. Assim, os governos e entidades médicas podem se planejar, preparar traduções e treinar os profissionais de saúde para usarem a CID-11.

Por que é necessário ter uma versão da CID atualizada?

As mudanças realizadas são fundamentais para refletir os avanços na medicina e na tecnologia. A CID-10 foi lançada no início da década de 90 e não compreende mais as novas doenças, especificações, sintomas e sinais.

Com a CID-11, a estrutura de codificação e as ferramentas eletrônicas foram otimizadas, facilitando o registro de prontuários e tornando a rotina profissional mais eficiente.

Conforme a Nota Técnica 91/2024, o início da utilização da CID-11 no Brasil está previsto para janeiro de 2027, em razão das etapas de atualização dos sistemas de informação, capacitação dos usuários e publicização.

Principais Mudanças na CID-11

1. Distúrbio de Jogo (Gaming Disorder)

• Caracteriza-se por um padrão de comportamento de jogo persistente e recorrente, resultando em comprometimento significativo em áreas importantes da vida do indivíduo.
• Diagnóstico: Os principais critérios incluem perda de controle sobre o jogo, aumento da prioridade dada ao jogo em relação a outras atividades e a continuação do comportamento apesar das consequências negativas.
• Tratamento: Inclui terapia cognitivo-comportamental (TCC), suporte psicológico e, em alguns casos, intervenção psiquiátrica.

Classificações:

• 6C51 – Distúrbio de jogo
• 6C51.0 – Distúrbio de jogos, predominantemente online
• 6C51.1 – Distúrbio de jogo, predominantemente offline
• 6C51.Z – Distúrbio de jogo, não especificado

2. Resistência Antimicrobiana

• Adição de novos códigos para monitoramento da resistência a antibióticos, antivirais e antifúngicos, visando um controle mais eficaz.

3. Síndrome de Burnout

• Características: Sensação de exaustão extrema, aumento do distanciamento mental do trabalho e redução da eficácia profissional.
• Diagnóstico: Deve ser diferenciado de outros transtornos psicológicos, sendo classificado como um problema exclusivamente ocupacional.
• Tratamento: Terapia psicológica, mudanças no ambiente de trabalho e, em alguns casos, medicação para sintomas associados.

4. Transexualidade

• Removida da categoria de transtornos mentais, sendo reclassificada como incongruência de gênero, um avanço importante na despatologização da identidade transgênero.

5. Transtorno do Espectro Autista (TEA)

• Características: Déficits na comunicação social, padrões restritos e repetitivos de comportamento.
• Diagnóstico: Avaliação multidisciplinar com critérios específicos de comunicação e interação social.
• Tratamento: Terapias comportamentais, suporte educacional e, em alguns casos, medicamentos para tratar sintomas associados.

Classificações:

• 6A02 – Transtorno do Espectro do Autismo (TEA)
• 6A02.0 – TEA sem deficiência intelectual e com comprometimento leve ou ausente da linguagem funcional
• 6A02.3 – TEA com deficiência intelectual e com linguagem funcional prejudicada

6. Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)

• Características: Desatenção, hiperatividade e impulsividade.
• Diagnóstico: Critérios específicos que incluem persistência dos sintomas por mais de seis meses e impacto significativo na vida do indivíduo.
• Tratamento: Terapia comportamental, apoio educacional e uso de medicamentos estimulantes como metilfenidato.

Classificações:

• 6A05 – Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade
• 6A05.0 – TDAH predominante desatento
• 6A05.2 – TDAH, apresentação combinada

7. Estresse Pós-Traumático

• Características: Reexperiência do trauma, evitação de estímulos relacionados ao trauma, hiperexcitabilidade.
• Diagnóstico: Uso de escalas validadas e entrevista clínica estruturada.
• Tratamento: Terapia cognitivo-comportamental focada no trauma, medicação antidepressiva e suporte psicológico.

Classificações:

• 6B40 – Estresse pós-traumático
• 6B41 – Estresse pós-traumático complexo

Benefícios da CID-11

• Maior precisão diagnóstica: Ajuda os profissionais de saúde a documentar doenças com mais exatidão.
• Facilidade de uso digital: Atualizações frequentes e melhor compatibilidade com sistemas de prontuário eletrônico.
• Melhor análise epidemiológica: Auxilia na coleta de dados sobre doenças e condições de saúde globalmente.
• Aprimoramento das políticas de saúde: Possibilita um planejamento mais eficaz de intervenções em saúde pública.

Conclusão

A CID-11 representa um avanço significativo na classificação de doenças, tornando o sistema mais preciso, moderno e adequado às necessidades da saúde global. Seu uso facilita diagnósticos, melhora a coleta de dados e fortalece as políticas de saúde pública.

Profissionais e instituições devem adotar a CID-11 para garantir uma gestão de saúde mais eficiente e baseada em padrões internacionais.

---